domingo, 17 de fevereiro de 2013

Desinências verbais



   Que tal exercitarmos mais as desinências verbais? Para sabermos conjugar os verbos em todos os tempos basta saber as desinências modo temporais e juntá-las com as desinências número-pessoais. Então vejamos, segundo Valter Kehdi:


Desinências modo temporais
Indicativo
Presente: Ø
Pretérito Imperfeito: -va - (1ª conj.) {variável: -ve-} e ia- (2ª e 3ª conj.) {variável: -io-}
Pretérito Perfeito: Ø (para as cinco primeira pessoas) e -ra- (para a 3ª pessoa do plural)
Pretérito Mais Que Perfeito:  -ra- (átono) {variável: -re-}
Futuro do Presente: -ra- (tônico) {variável: -re- tônico}
Futuro do Pretérito: -ria- {variável: -rie-}

Subjuntivo 
Presente: -e- (1ª conj.) e -a- (para 2ª e 3ª conj.)
Imperfeito: -sse-
Futuro: -r- {variável: -re-}

Desinências número-pessoais
Singular
1ª pessoa: -o; -s {variável: -o (presente do indicativo) e -i (pretérito perfeito e futuro do presente)
2ª pessoa: -s  {variável: -ste- (pretérito perfeito)}
3ª pessoa: -o {variável: -u (pretérito perfeito)}
Plural
1ª pessoa: -mos
2ª pessoa: -is {-stes (pretérito perfeito); -des (futuro do subjuntivo)
3ª pessoa: -m

   Para servir de exemplo vamos usar os verbos da lista acima conjugados em alguns tempos:
Pretérito Perfeito 
Gostar
Eu gost-ei 
Tu gost-a-ste
Ele gost-o-u
Nós gost-a-mos
Vós gost-a-stes
Eles gost-a-ra-m
Pretérito Mais Que Perfeito
Escrever
Eu escrev-e-ra
Tu escrev-e-ra-s
Ele escrev-e-ra
Nós escrev-e-ra-mos
Vós escrev-e-re-is
Eles escrev-e-ra-m
Presente do Subjuntivo
Sorrir
que Eu sorr-i-a
que Tu sorr-i-a-s
que Ele sorr-i-a
que Nós sorr-i-a-mos
que Vós sorr-i-a-is
que Eles sorr-i-a-m

Gênero Textual
    Lista não é um gênero muito comum de ser trabalhado, porém ainda sim é um gênero textual que tem suas importâncias. Por exemplo, podemos ensinar os alunos a colocar em ordem de urgência, por exemplo, as tarefas que eles tem para fazer no dia. Ou podem auxiliar a mãe anotando as coisas que estão faltando dentro de casa. Ou ainda, como no exemplo acima, listar tudo que ele mais gosta de fazer. Creio que dessa forma podemos ensiná-los a serem mais organizados e ainda mostrar que todos os textos que eles convivem no dia a dia são um tipo de gênero textual. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Desinências e vogais temáticas

"Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minha alma daquilo que outrora eu deixei de acreditar"
(O Teatro Mágico - O Anjo mais velho)


Desinências verbais 
   "Há dois tipos de desinências verbais: as que exprimem modo e tempo (modo-temporais) e as que indicam número e pessoa (número-pessoais). (...) as desinências modo-temporais precedem as número-pessoais." (Valter Kehdi)

Por exemplo: 
Verbo Haver
               Desinências modo-temporais - Desinências número-pessoais
Pretérito Imperfeito do Indicativo

Eu hav-ia
Tu hav-ia-s
Ele hav-ia
Nós hav-ía-mos
Vós hav-íe-is 
Eles hav-ia-m

O fenômeno de cumulação expressam simultaneamente tempo e modo, bem como número e pessoa. Como, por exemplo, {-o} no presente do indicativo, quer-o.


Vogais temáticas

“As vogais temáticas acrescentam-se, normalmente, ao radical para constituir uma base, a qual são anexadas as desinências. Sua posição é, pois, entre o radical e a desinência. Têm por função marcar classes de nomes e verbos. (...)” (Valter Kehdi)

Nominais:
São, em português, {-a}, {-e} e {-o}.

E aí você me pergunta: {-a} e {-o} também podem ser desinências de gênero, então como vamos diferenciar as duas funções (desinência de gênero e vogal temática)?

Vejamos os exemplos:
Menin-o Menin-a
Alm-o Alm-a

Segundo Valter Kehdi, enquanto desinências {-a} e {-o} comutam com {-o} e {-a}, respectivamente, para exprimir mudança de gênero. Mas isto não acontece com as vogais temáticas: Não existe uma forma masculina de alma, por exemplo. Sendo assim, para diferencia-las é só buscar a forma femina ou masculina, e se caso não exista é vogal temática.
É bom lembrar também que quando a vogal temática {-o} se anexa a algo, desinência ou sufixo, iniciado por vogal, apresenta a variante -u, em algumas palavras. Por exemplo, conceito → conceitual. Podendo ser por elisão, conceito → conceituar → conceituoso, ou por crase, respeito → respeitar → respeitoso.
Existem os nomes atemáticos, como os substantivos terminados em vogal tônica, por exemplo café.

Verbais:
Em portugês, são: {-a-} para a primeiro conjugação, {-e-} para a segunda conjugação e {-i-} para a terceira conjugação. É fácil identifiar a partir do infinitivo, pois são as vogais temáticas que antecedem o -r desinencial:  am-a-r, vend-e-r, part-i-r.
     Outros exemplos são os verbos do trecho da música acima, como houv-er (segunda conjugação), orient-ar (primeira conjugação).  Fácil, né?


Classificação dos morfemas 

Aditivos
Por exemplo: os afixos, as vogais temáticas e as desinências. Ou seja, segmentos que se anexam a um núcleo (radical).
No verbo marchávamos, o qual orient-á-va-mos corresponde ao radical - vogal temática – desinência modo-temporal – desinência número pessoal.
Subtrativos
Segundo Valter Kehdi, é quando se dá a supressão de um fonema do radical para exprimir alguma diferença de sentido. Por exemplo: irmãa (vogal -ã do radical + desinência de gênero {-a}) → irmã.
Alternativos
Quando ocorre uma substituição de fonemas do radical que passa a apresentar duas ou mais formas alternantes. Temos:
/ê/-/é/ ; /ô/-/ó/: esse/essa; olho/olhos; bebo/bebes; corro/corres;
/ê/-/i/ ; /ô/-/u/: aquele/aquilo; todo/tudo;
/i/-/é/ ; /u/-/ó/: firo/feres; acudo/ acodes;
Reduplicativos
É a repetição da parte inicial do radical, por exemplo, na linguagem infantil: papai, mamãe.
De posição
A posição dos morfemas na oração implicam em mudança de função, por exemplo: João vê José. (João – sujeito e José – objeto) → José vê João (José – sujeito e João – objeto).

Gênero Textual - Música

Utilizando uma música como gênero textual podemos aprimorar o desenvolvimento da linguagem oral e da escrita, através de uma atividade de reconhecimento de palavras. E foi exatamente isso que nós fizemos, aprendemos Morfologia com os exemplos de palavras retiradas da música! 


sábado, 12 de janeiro de 2013

Desinências e o Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 

(mal vivido talvez ou sem sentido) 

para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumidas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 

Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.
(Receita de Ano Novo - Carlos Drummond de Andrade)

   Com esse clima de Ano Novo, época de promessas e mudanças, e com aulas em pleno Janeiro, eu estive pensando em como a Morfologia pode nos servir de exemplo para algumas situações. 
   Por exemplo, no dia 31 de Dezembro mandamos mensagens e ligamos para os nossos amigos e familiares desejando-lhes muitas coisas boas, inclusive EQUILÍBRIO. 

   Aí você me pergunta:
 - Sarah, o que isso tem a ver com Morfologia? 
   E eu te respondo:
- Equilíbrio me lembra as Desinências. Vamos relembrar o que é e quais são...

   Desinências, segundo o Valter Kehdi, "são os morfemas terminais das palavras variáveis. Servem para indicar as flexões de gênero e número (desinências nominais), e de modo-tempo e número-pessoa (desinências verbais)." As desinências são colocadas logo a direita do radical...

- Mas, Sarah, o que vem a direita do radical não é o sufixo?
- Está certo, mas existem algumas diferenças básicas entre Sufixo e Desinência, vejamos:

   Vamos usar um trecho do texto lido acima para exemplificar melhor essas diferenças:
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
 O sufixo apenas nos possibilita criar novas palavras, como na palavra Belíssimo, se tirarmos o sufixo -íssimo, torna-se Belo.
 Já as desinências colocam belíssimo concordando com o objeto Ano Novo em gênero e número; e o sujeito você e o verbo ganhar concordam em número e pessoa. 

- É exatamente nesse momento que desinências são exemplos de equilíbrio para mim. Porque se nós tirarmos essas desinências a oração com certeza vai perder um pouco do seu equilíbrio, ou seja, concordância. Quer ver um exemplo? Se eu passar o verbo ganhar para o plural ganharem e mantiver o sujeito no singular, a oração não vai estar concordando de acordo com a norma padrão da língua portuguesa, ou seja, vai estar desequilibrada. Exemplo disso na nossa rotina é quando tentamos fazer várias coisas ao mesmo tempo e nenhuma sai realmente boa, porque não há uma concordância entre elas. Perceberam? Agora vamos seguir com a explicação:

   Desinências de gênero podem ser expressas atrás de três modos, são eles:
  • Flexão, por exemplo: garota e garoto.
  • Derivação, quando há acréscimo de sufixo no masculino ou no feminino, por exemplo: conde e condessa.
  • Heteronímia, quando o masculino e o feminino são representados por dois vocábulos, por exemplo: vaca e boi
   Desinências de número é bem simples. Por exemplo, carreira e carreiras, o plural é caracterizado pelo -s e o singular não possui nenhuma desinência específica. Caso seja uma palavra paroxítona terminada em -s, podemos considerar um alomorfe "vazio", por exemplo, os óculos.

   Ainda falta desinência verbal, mas vou deixar para a próxima postagem.


GÊNERO TEXTUAL

   O gênero receita informa a fórmula de um produto, detalhando os seus ingredientes e o seu preparo. Trata-se, portanto, de uma sequência de passos para a preparação de alimentos. Com certeza todos vocês devem conhecer esse gênero, pois quem aí nunca pediu a receita do pavê da vovó? Então já conhecem bem a estrutura, certo? Título, ingredientes, modo de preparo, porções, ilustração da receita...
   Mas observe que na nossa receita não existe esta estrutura explícita e nem fala sobre comida, nossa receita tem uma estrutura mais poética, que aconselha e indica o que devemos fazer no Ano Novo. 

   Não é divertido como nossa língua portuguesa e nossa literatura estão tão presentes no nosso dia a dia? 

Até a próxima, queridos!